De Eurico Cunha Barbeitos da Silva pouco se sabe. Chegou até nós nos Dias da Memória, trazido por Victor Neto, em meio a um enorme espólio, mas sem memórias. A curiosidade levou-nos a procurar saber mais acerca deste homem que, em pé, se faz acompanhar de outros camaradas convalescentes de guerra em Ambleteuse. E uma legenda que diz que faziam parte do sacrificado e infeliz R.I. 7. Quem era Eurico? Como teria adoecido. Esta é a história de um homem, um gaseado, e um convalescente desconhecido até agora, um soldado da Grande Guerra. 

O Arquivo Municipal de Vila Nova de Gaia, instituição parceira do portal Portugal 1914 - 1918, disponibiliza agora online a sua colecção de jornais «O Comércio do Porto», bem como um motor de busca que lhe permitirá descobrir toda a informação que procura nesta publicação periódica. Uma iniciativa e um reflexo dos Dias da Memória, com a qual muito nos congratulamos.   

Maria Madalena Dias Marques Contente veio aos Dias da Memória na Assembleia da República com o claro desejo de recordar o seu avô materno, Francisco Dias Júnior, ao qual ouviu, enquanto criança, as histórias que o mesmo contava sobre a sua ida a uma antiga guerra, já longínqua, soando a aventura e desconhecido. Com o avançar da entrevista, viria a referir que Francisco não foi à guerra sozinho. Na sua família também o irmão António foi enviado para combater na grande conflagração mundial. Esta é a história e a memória das suas próprias memórias de infância.

Ao constatar que iria ter lugar na Assembleia da República um Collection Day dedicado à Grande Guerra, ao jeito dos que a Europeana 14 – 18 organizava em outras grandes capitais europeias, Jonathan Weightman não teve dúvidas sobre o que deveria fazer. Agarrou nos papéis onde tinha já descoberto informação sobre o seu avô materno, nas fotografias em que o podemos ver fardado e na companhia dos seus camaradas, e veio até nós, para poder contar a história deste oficial escocês que foi um dos elementos de ligação entre o British Expedicionary Force e o CEP. Tal papel levou-o a conviver com os soldados portugueses – e a guardar fortes recordações para o resto da sua vida.

Maria Anália Rosário Gomes veio aos Dias da Memória falar de Francisco Lopes Parreira, combatente na Primeira Guerra Mundial. Tendo descoberto esta iniciativa através do seu filho, dirigiu-se à Assembleia da República para evocar o avô materno, do qual se recorda desde tenra idade, não só pelo afecto que lhe tinha, mas igualmente pelas histórias que ele contava. Decidida a que não caísse no esquecimento, trouxe até ao nosso projecto uma cópia do seu cartão de sócio da Liga dos Combatentes, obtido através do núcleo da Liga em Santarém, pois não possui o seu original. Mas ainda tem esperança de encontrá-lo. E, vindo até nós, permitiu-nos assim que registássemos as suas memórias, que se mesclam com as pertencentes a Francisco, bem como com a própria memória colectiva que Portugal ainda tem da Grande Guerra.

A mãe de Ângelo Queiroz da Fonseca faleceu em 2013 com 102 anos, idade que lhe permitiu recordar, durante largos e bons anos, a vida e a história do seu pai, Evaristo Augusto Duarte Geral, que esteve em África e em França durante a Grande Guerra. Em memória de ambos, Ângelo trouxe aos Dias da Memória na Assembleia da República o que sabia deste médico-militar, que de África viria para Portugal, para fazer parte do Serviço de Saúde do Corpo Expedicionário Português. E trazia ainda consigo a esperança de poder saber um pouco mais, imbuído do espírito de partilha que tanto procuramos nos Dias da Memória. Esta é, pois, a sua história e a de seu avô materno. 

Seu irmão faleceu a 9 de Abril de 1918, marcando para sempre a história familiar com aquele dia fatídico. Para José Diogo da Fonseca Guerreiro, participar na Grande Guerra simbolizaria igualmente encetar um caminho repleto de dor e sofrimento. A sua sobrinha, Maria Eduarda, acompanhada da nora, Rosarinho Rodrigues, decidiu visitar-nos nos Dias da Memória na Assembleia da República. Com ela trazia várias histórias de família e, entre elas, a de José Diogo, ou a memória de um médico que nunca falou na guerra.