António José Nunes de Carvalho nasceu no dia 13 de Março de 1895 no concelho de Moura. Filho de Joaquim Rita e Francisca Caeiro Fortes, era abegão de profissão, trabalho que manteve depois da guerra. Sabia ler e escrever, tal como os seus irmãos. Foi para a guerra ainda homem solteiro, com cerca de um metro e sessenta, sadio e sem sinais particulares. Partiu saudável, regressou doente.
O seu trajecto militar começa em 1915 quando é recrutado na zona de residência, apresentando-se no quartel do Regimento de Infantaria nº 17. Neste fez a sua formação até ir para França. Concluiu a recruta em 28 de Agosto de 1916 e, a partir do dia seguinte, passou a serviço efectivo. Partiu para França a 8 de Agosto de 1917 com a 7ª Companhia do Regimento nº 17. Era então o soldado nº 394. A 1 de Setembro de 1917 é transferido para a 11ª Companhia do RI 17 com o nº 476 e a 17 de Setembro é promovido, passando a ser o 1º Cabo nº 208 do RI 17. Foi chefe de grupo, agente de ligação e sinaleiro da sua companhia.
Como muitos soldados, teve alguns dias de punição. O seu Tenente de Companhia pune-o com 10 dias de detenção a 24 de Outubro de 1917. Faltou à revista de armas e, como tal, não ouviu as ordens de serviço, ignorando o que o Tenente tinha para ele naquele dia. Continuou a servir a sua companhia até ao fatídico 9 de Abril de 1918. É dado como desaparecido até se constatar que foi feito prisioneiro pelos Alemães. Desconhece-se ainda o campo onde esteve, mas referia ter passado por vários, ter sido tratado pelos alemães e ter incluso trabalhado para os mesmos na sua própria profissão, ou seja, rabalhando a madeira. Desconhecendo-se pormenores da sua libertação, em 16 de Janeiro de 1919 é reincorporado ao C.E.P., regressando como muitos prisioneiros de guerra portugueses a solo nacional a 30 de Janeiro – e chegando a Lisboa, a bordo do North Western Miller, em 4 de Fevereiro.
Foi licenciado e regressou a casa, à sua terra, à sua profissão, de onde continuou a tirar o sustento da sua vida. Contudo, apresentou-se sempre, de forma periódica, no quartel, como comprova a sua caderneta. A última inspecção é de 1936. Casou, teve filhos mas não esqueceu a guerra. Nela foi gaseado e perdeu uma vista. Sofreu toda a vida de problemas gástricos, sendo tratado em regime de ambulatório e consultas no Hospital Militar da Estrela, onde faleceu em 1976. Por sua vontade expressa foi enterrado com os seus companheiros de armas.
O seu último lugar de repouso é o Cemitério do Alto de São João em Lisboa, mais propriamente a Cripta dedicada aos Combatentes deste conflito. A sua memória é preservada pela sua neta, Laura Caeiro Vargas, que tem o seu cantil e a caderneta, que se encontra soberbamente conservada.
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