Nascido em 10 de Novembro de 1894 no concelho de Moura, morador na Rua do Rei, Sobral da Adiça, filho de Manuel Francisco Ribeiro e Carolina Maria, Francisco Carolino fez parte do Corpo Expedicionário Português em França, para onde partiu a 8 de Agosto de 1917. Ali se deixou fotografar para um retrato - postal que enviou à sua irmã, a qual não referencia pelo seu nome, desejando muito que ela se encontrasse bem e com saúde, assim como todos os seus irmãos, sobrinhas e restante família. Refere ainda que, caso ela não goste do retrato, tal seria lamentável mas dever-se-ia somente ao facto dos fotógrafos que se encontrariam disponíveis para fazer os retratos dos soldados no front não serem bons, queixando-se da pouca qualidade dos seus trabalhos. Esperando resposta ao seu postal, Francisco Carolino acabará, desta forma, por se despedir de todos, sem que o mesmo soubesse que estaria a fazê-lo, pois esta foi a última vez que terá escrito para a sua família. O postal possui, em francês, informação para o seu preenchimento, regras essas que não foram cumpridas pelo combatente.
O postal possui, em francês, informação para o seu preenchimento, regras essas que não foram cumpridas pelo combatente.Refere:
«Carte Postale
A utiliser seulement dans le service interieur
(France, Algerie, Tunisie)
Parte reservee à la Correspondance Adresse du destinataire»
Já a parte manuscrita do postal contêm a seguinte informação:
«França, 20 de Fevereiro de 1918
Minha quirida [querida] e nunca esqueçida [esquecida] irmã do meu coração dizeijo [desejo] que ao riçeberes [receberes]deste meu ritrato tevá [retrato te vá] encontrar gozando uma perfeita e filis saude [feliz saúde] em companhia do mano Antonio e das minhas sobrinhas e de toda a familia. Querida irmã, eu te ofereço o meu ritrato [retrato] não sei se ficaras contente se não desculpa, de serem tão mal teradas e [tiradas é] porque o ritratistas [os retratistas] são ruins por hoje nada mais a gora da [agora dá] saudades ao mano Antonio Jose ao mano Francisco á mana Maria e vizinhos ás minhas sobrinhas e saudades ás tuas cunhadas e ao teu sogro e beijinhos ás minhas sobrinhas e a gora [agora] tu minha quirida [querida] e nunca esquecida irmã riçebi [recebe] muitos abraços deste teu irmão que te dizeja [deseja] ver e não te pode ter junto.
Francisco Carolino
Espero resposta na volta do correio»
Segundo Rui Santos Vargas, que trás até nós esta história, nunca terá regressado de França, tendo sido vítima da guerra.Essa informação confirma-se com dados encontrados no Arquivo Histórico Militar, onde se comprova que o soldado nº 528, pertencente a Infantaria 17, solteiro, terá falecido exactamente a 9 de Abril de 1918.
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