Joaquim José de Moura – da Moçambique em tempos de Monarquia à Moçambique da Grande Guerra

Rui Moura sabe que o sofrimento da guerra fica marcado naqueles que nela combateram. Seu avô, Joaquim José de Moura, nascido em Castelo Branco em 10 de Outubro de 1888, partiu para Moçambique ainda jovem, e ainda em tempos da Monarquia. Em posse de toda a informação sobre este combatente, trouxe a nós, na Assembleia da República, uma fotografia e Joaquim, com o objectivo de recordá-lo. Assim o fazemos, dando voz ao seu apelo, à memória de Joaquim José de Moura e a todos os que estiveram pelas terras quentes de África durante os anos de 1914 a 1918.

Joaquim José terá partido para Moçambique ainda reinava D. Carlos I em terras portuguesas. Sendo mobilizado em 1908, parte para África, para a colónia portuguesa no ano seguinte, a qual nunca mais deixaria, pois ali faleceu alguns anos depois, em 1934.

Todo o período da guerra foi passado em Moçambique. Assim, de 12 de Maio a 2 de Junho de 1911 fez parte da coluna de operações ao Machemba, em 1913 fez parte da coluna de operações na região Maconde, de 26 de Julho a 26 de Outubro, e já durante a guerra, em 1916, fez parte da coluna de operações do Lago, de 26 de Junho a 2 de Dezembro. Assim, e como vem registado na sua documentação, de 1914 a 1919, fez parte das operações contra os Alemães em África Oriental, pertencendo primeiro ao exército português e depois passando a fazer parte do corpo de polícia militar da Companhia do Niassa. Se durante o período da conflagração não retornou a Portugal, depois da Guerra, Joaquim não regressaria à Metrópole, ali ficando a viver.

Durante a sua permanência em Moçambique, e já durante a Grande Guerra, foi louvado pela valentia e tenacidade, da qual deu provas, comandando uma pequena força que operou a norte da região Maconde, subjugando vários régulos macondes rebeldes e montando o posto de Monguida. Refere o seu neto que se refere que ele seria, nestas situações, o único branco, sendo as restantes forças que possuía moçambicanos ao serviço de Portugal. Foi louvado pela boa vontade, zelo e dedicação com que sempre desempenhou as suas tarefas e o seu cargo. Receberia ainda a medalha de cobre comemorativa das Campanhas do Exército Português em Moçambique (1914 - 1918), a Medalha da Vitória com estrela de prata e 9 distintivos de campanha, correspondentes a nove anos em campanha, sempre nas forças adstritas para a defesa de Moçambique.

A fotografia que o seu neto trouxe fazia parte da sua caderneta, e Joaquim, já Tenente, apresenta já as suas medalhas e condecorações, pelo que deverá ser datável de 1919 - 1920.

Depois da guerra, já em 1921, integraria novamente a Companhia do Niassa, seguindo em África a sua carreira militar. Viria a falecer ali, em 1934, como já tínhamos referido, e ainda hoje se encontra sepultado no Norte de Moçambique, terras que tanto amou e que protegeu antes, durante e depois da Primeira Guerra Mundial.

Informação Adicional

Autor - Relator
Margarida Portela
Testemunha - Contador
Rui Moura

Intervenientes

 

Nome
Joaquim José de Moura
Cargo
Tenente

Teatros de Guerra

 

Teatros de Guerra
África

Mais informações

 

Região
Moçambique
Data do início da história
1908
Data do fim da história
1919

Direitos e Divulgação

 

Entidade detentora de direitos
Instituto de Historia Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova Lisboa – Portugal
Tipo de direitos
Todos os direitos reservados
Link para acesso externo
http://www.portugal1914.org/portal/pt/memorias/historias/item/7771-joaquim-jose-de-moura-da-mocambique-em-tempos-de-monarquia-a-mocambique-da-grande-guerra

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