Jaime Daniel Leote do Rego, Contra-Almirante e Chefe da Divisão Naval Portuguesa, é um daqueles nomes que não se esquece e cuja história se reflecte em inúmeras entradas de enciclopédia, referências bibliográficas, memórias, jornais... Na imprensa por exemplo, são muitas, quase incontáveis, as referências ao Contra-Almirante Leote do Rego, à sua intervenção na instauração da República, ao seu papel após o 5 de Outubro, e até mesmo ao que sucedeu durante a Primeira Guerra Mundial, visto que ocupou lugar cimeiro na Marinha Portuguesa, não sem depois ter caído em desgraça, aquando da chegada ao poder de Sidónio Pais.
Não se poderá afirmar que é uma figura amada por todos. Por certo é admirada por muitos. Mas as grandes personagens da História não reúnem consensos. São polémicas e duradouras. E Luís Leote, seu neto, sabe bem como o seu avô foi importante, assim como sabe das suas tristezas, problemas, resoluções e ambições. É um pouco dessa história, esse lado menos conhecido, que aqui se partilhará, tanto quanto, no futuro, se mencionará a memória e a história de seus dois filhos, Jaime Daniel e Luiz Daniel, ambos pertencentes a cavalaria e ambos membros do Corpo Expedicionário Português.
Como bem refere Luís Leote, a espada de seu avô e as suas condecorações encontram-se expostas no Museu da Marinha. Foram objectos ofertados pela família ao museu, e assim, encontram-se há anos num domínio mais público. Naquele domínio, onde circulam as notícias e as entradas de dicionário. Ainda assim, existem sempre objectos que nos surpreendem, pela sua aparente insignificância material cheia de história. Demonstram ainda um grau de intimidade que nos permite vislumbrar facetas da vida de alguém que não conhecemos pessoalmente, à qual não temos vínculos afectivos, mas do qual lemos e sobre o qual aprendemos… E dessas facetas os livros tantas vezes não nos falam.
Nessa perspectiva, o seu neto trouxe até nós três magníficos objectos, todos diferentes, todos representativos de momentos da vida do Contra-Almirante, momentos de vida mais ou menos conhecidos. Assim, Luís Leote revela-nos o gosto tão pessoal pela pintura que tinha seu avô, trazendo-nos um quadro de sua lavra, e que hoje faz parte do conteúdo expositivo que se encontra na sala do seu familiar. É igualmente com orgulho, e com a consciência de revelar uma imagem congelada de um momento histórico, porém triste para o Contra Almirante, que Luís Leote nos apresenta uma fotografia. Uma simples fotografia que nos revela dois homens, um com farda do Exército, outro com a da Marinha. Juntos, com ar abatido mas firmes e resolutos, encontram-se, à direita, Leote do Rego e à esquerda, Norton de Matos. Amigos de longa data, são aqui fotografados no dia em que foram forçados a partir para o exílio, poucos minutos antes de embarcarem num navio inglês, rumo a outras terras, outras vidas, outras gentes. Sidónio Pais tinha chegado ao poder e, como consequência, não mais existia em Portugal lugar para estes dois republicanos, que se tornaram assim estrangeiros em locais como a cidade de Paris.
Por fim, e lembrando exactamente esses tempos de exílio, um singelo cartão-de-visita. Talvez não tão singelo se observarmos todos os títulos que contêm. Mas esconde este pequeno pedaço de papel uma realidade sombria na vida do Contra Almirante. Como não possuía nenhuma fortuna, teve Leote do Rego de aceitar empregos diversos, para conseguir o sustento essencial, e entre eles contou-se o de venda de enciclopédias ao domicílio. Este era o cartão de visita que o mesmo apresentava nesses momentos. As iniciais que se seguiam ao nome do avô, refere Luís Leote, significavam “Knight Commander of the Bath”, título com que foi agraciado pela influência do Príncipe de Battenberg, de quem se tornara amigo e oficial às ordens, quando da visita de Eduardo VII a Portugal. Concessão de dignidade essa que lhe permitira utilizar o título de “Sir”.
Estas são histórias que ficaram encerradas na memória familiar e que, agora, por ocasião das evocações do Centenário da Grande Guerra, Luís Leote nos trouxe, sobre aquele que, para si, para lá da figura pública e quiçá mediática no seu tempo, é simplesmente o seu avô.
Não se poderá afirmar que é uma figura amada por todos. Por certo é admirada por muitos. Mas as grandes personagens da História não reúnem consensos. São polémicas e duradouras. E Luís Leote, seu neto, sabe bem como o seu avô foi importante, assim como sabe das suas tristezas, problemas, resoluções e ambições. É um pouco dessa história, esse lado menos conhecido, que aqui se partilhará, tanto quanto, no futuro, se mencionará a memória e a história de seus dois filhos, Jaime Daniel e Luiz Daniel, ambos pertencentes a cavalaria e ambos membros do Corpo Expedicionário Português.
Como bem refere Luís Leote, a espada de seu avô e as suas condecorações encontram-se expostas no Museu da Marinha. Foram objectos ofertados pela família ao museu, e assim, encontram-se há anos num domínio mais público. Naquele domínio, onde circulam as notícias e as entradas de dicionário. Ainda assim, existem sempre objectos que nos surpreendem, pela sua aparente insignificância material cheia de história. Demonstram ainda um grau de intimidade que nos permite vislumbrar facetas da vida de alguém que não conhecemos pessoalmente, à qual não temos vínculos afectivos, mas do qual lemos e sobre o qual aprendemos… E dessas facetas os livros tantas vezes não nos falam.
Nessa perspectiva, o seu neto trouxe até nós três magníficos objectos, todos diferentes, todos representativos de momentos da vida do Contra-Almirante, momentos de vida mais ou menos conhecidos. Assim, Luís Leote revela-nos o gosto tão pessoal pela pintura que tinha seu avô, trazendo-nos um quadro de sua lavra, e que hoje faz parte do conteúdo expositivo que se encontra na sala do seu familiar. É igualmente com orgulho, e com a consciência de revelar uma imagem congelada de um momento histórico, porém triste para o Contra Almirante, que Luís Leote nos apresenta uma fotografia. Uma simples fotografia que nos revela dois homens, um com farda do Exército, outro com a da Marinha. Juntos, com ar abatido mas firmes e resolutos, encontram-se, à direita, Leote do Rego e à esquerda, Norton de Matos. Amigos de longa data, são aqui fotografados no dia em que foram forçados a partir para o exílio, poucos minutos antes de embarcarem num navio inglês, rumo a outras terras, outras vidas, outras gentes. Sidónio Pais tinha chegado ao poder e, como consequência, não mais existia em Portugal lugar para estes dois republicanos, que se tornaram assim estrangeiros em locais como a cidade de Paris.
Por fim, e lembrando exactamente esses tempos de exílio, um singelo cartão-de-visita. Talvez não tão singelo se observarmos todos os títulos que contêm. Mas esconde este pequeno pedaço de papel uma realidade sombria na vida do Contra Almirante. Como não possuía nenhuma fortuna, teve Leote do Rego de aceitar empregos diversos, para conseguir o sustento essencial, e entre eles contou-se o de venda de enciclopédias ao domicílio. Este era o cartão de visita que o mesmo apresentava nesses momentos. As iniciais que se seguiam ao nome do avô, refere Luís Leote, significavam “Knight Commander of the Bath”, título com que foi agraciado pela influência do Príncipe de Battenberg, de quem se tornara amigo e oficial às ordens, quando da visita de Eduardo VII a Portugal. Concessão de dignidade essa que lhe permitira utilizar o título de “Sir”.
Estas são histórias que ficaram encerradas na memória familiar e que, agora, por ocasião das evocações do Centenário da Grande Guerra, Luís Leote nos trouxe, sobre aquele que, para si, para lá da figura pública e quiçá mediática no seu tempo, é simplesmente o seu avô.
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