Seguindo a recolha de informação relativa a seu pai, e que nos foi cedida por Yolanda Corsépius, Max Corsépius nasceu a 15 de Setembro de 1893 em Kötzenbroda, Dresden. Ali frequentou a Escola Pública, “Bürgerschule” e em 1900 passou 2 anos com os avós paternos em Königsberg, Prussia Oriental, que actualmente é Kaliningrad, na Rússia. Foi ali que continuou a sua escolarização e dali regressou a Dresden, em 1902, para em seguida emigrar com os pais e os seus quatro irmãos para Colónia onde o pai, o Engº. Dr. Phil. foi professor na Escola Superior de Máquinas. Frequentou então a Escola Masculina Central onde também aprendeu a tocar violino.
Contudo, o pai falece alguns anos depois, em 10 de Maio de 1910, e sendo Max o mais velho dos irmãos, teve de ir trabalhar, tendo a sua mãe solicitado ao Estado Alemão um emprego para ele. Como a “Deutsch- Atlantische Telegraphengesellschaft”(DAT) estava a recrutar funcionários para a sua Estação de Cabos Submarinos da Horta, nos Açores, Max aceitou ser enviado para lá. Embarcou em Hamburgo para Lisboa, e daí para a Horta, a 20 de Setembro de 1910.
Max Corsépius era muito jovem mas um árduo trabalhador. Em 1912, já na Horta, e pese embora que tivesse apenas 17 anos, foi-lhe concedida pelo Estado a equivalência de 1 ano de serviço cívico voluntário, pela Comissão Real de Exames. Ali tentou integrar-se, como todos os trabalhadores da DAT, na vida local, convivendo com os habitantes, colaborando em atividades desportivas desenvolvidas pelos próprios funcionários da empresa, e participando ainda na banda musical da DAT “Horta Band”, onde tocava violino, como nos relata sua filha Yolanda.
Quando Alemanha e Portugal se tornam inimigos, envolvidos em lados diferentes de uma guerra que tinha já 2 anos, os cidadãos alemães foram alvo de um processo de afastamento do seu posto de trabalho, detidos e privados da sua liberdade. Assim mesmo, o futuro de Max seria ainda um pouco dispare dos que seguiram imediatamente para o “Depósito de Concentrados Alemães” (DCA) no Castelo de S. João em Angra, ou de todos os que viviam em Portugal, nas Colónias ou se encontravam em navios, ancorados em portos nacionais, aquando das declarações de guerra dos inícios de 1916. Ele e os restantes funcionários da DAT ainda ficaram retidos no bairro da “Colonia Alemã” até 30 de Agosto de 1916, juntando-se a eles as tripulações de 3 navios que se encontravam no porto da Horta.
Ali ficaram retidos quase 5 meses, alguns com família e sem recursos, valendo-lhes entretanto o apoio por interceção de Moisés Benarus, cônsul dos EUA, junto das entidades locais e dos EUA.
Depois, em sequência do corte do cabo submarino alemão no Faial, Max é enviado para detenção no forte de S. João Baptista, na ilha Terceira, com os outros funcionários da companhia Dali se corresponde com a família Goulart Silveira de Medeiros, que conheceu no Faial, em particular com Hortênsia, então com 17 anos (07-09-1916) e com quem viria casar dez anos mais tarde.
Max permaneceu ali menos tempo do que a maioria dos prisioneiros, os quais tiveram de aguardar as resoluções do tratado de Versailles para obter a sua liberdade. Em Abril de 1918, com outros 3 internados, foi enviado pelo navio “S. Miguel” para Lisboa, por motivos de doença. Na capital ficou internado na enfermaria de Sargentos do Hospital Militar. Em Julho de 1918 corresponde-se com Branca Moreira Lopes, voluntária da Cruz Vermelha, com quem mantém contacto frequente. Posteriormente deu apoio, enquanto técnico de radiologia, a esta instituição, até 1920, visto que neste hospital não existia nenhum técnico com os seus conhecimentos. Escreve novamente, a partir de Carcavelos em 28 de Setembro de 1919. Regressa então à Alemanha, instalando-se em Colónia, onde permanece, trabalhando na Estação dos Correios em Colónia, posto que manteve até 1925. Seguiu-se um estágio de 4 meses e meio na “Siemens & Halske” dedicando-se à “telegrafia de imagem”, tendo recebido um certificado onde é elogiado pelo seu saber teórico e prático assim como a sua dedicação e resultados obtidos, lamentando-se a sua saída por vontade própria.
Em 1926 voltou à Horta aquando da reabertura da DAT tendo ocupado depois o lugar de 1º Engenheiro Técnico. Ali tinha conhecido a jovem faialense Hortênsia Medeiros, tendo ficado apaixonados, e ela esperado dez anos até à sua libertação e regresso desde que fora deportado em 1916. Até ao regresso de Max, Hortênsia Medeiros completará o curso dos Liceus na Horta, aperfeiçoando o alemão, a arte de desenho a carvão e o bordado e rendas tradicionais dos Açores. Max e Hortênsia tiveram 4 filhos, os quais nasceram respectivamente em 1927,1929,1930 e 1932. No entanto, a jovem Hortênsia falece muito cedo, com uma nefrose, em 1936. A sua morte ocorre em Lisboa, para onde tinha partido para se tratar. Max Corsépius ainda ficou na Horta até Maio de 1939, quando, por motivos de férias, visitou a Alemanha e foi impedido de regressar, por causa de outro conflito, desta vez a II Guerra Mundial. Uma vez mais regressou aos correios alemães, onde trabalhou nos anos da guerra.
Em 1944 foi transferido para a cidade de Plau, no Mecklenburg, onde permaneceu no respectivo departamento dos Correios até 1948. Tendo então fugido da zona ocupado pelos russos, segundo sua filha, ficou a trabalhar em Frankfurt até 1949 e depois, até 1960, chefiaria a Estação Telegráfica dos Correios em Eschborn, perto de Frankfurt. A sua formação na DAT foi reconhecida em 1957. Aposentou-se em 1960 e faleceu a 4 de Fevereiro de 1968 em Frankfurt.
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