Carta escrita ao seu pai Abel, a bordo do vapor “Gaia”
On:
15 setembro 2014
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Informação Adicional
- Proprietário
- Rodrigo Martins
- Tipo de objecto
- Carta
- Descrição do objecto
- Carta escrita ao seu pai Abel, a bordo do vapor “Gaia”. O conteúdo da mesma permite perceber as fracas condições que os navios portugueses apresentavam e o medo presente na tripulação.
- Informação adicional
- Transcrição: «Porto, 23/11/916 Meu querido pae Cá recebi a sua carta e o jornal, já tinha lido as noticias que n’ele vinha, ao qual não me satisfazem muito, mas emfim para a frente é que é o caminho. Cá do navio foi o imediato a Lisbôa, com essa copia que ahi lhe mando, entrega-la ao Presidente da Comissão dos Transportes Maritimos, e falar com o Leote, afim de ver se eles resolviam mandar um canhão de 42 cá para a popa do navio, que não está em condições de ir desarmado porque tem o fundo cheio de mexelhão, e isto faz com que o navio só deite 7’ com bom tempo, e se estivesse limpo, sempre deitaria as suas 12’, que talvez nos serviçe de muito para poder fugir á pirataria Germanica. Tirámos cá o retrato e assim que ele esteja pronto assim lho mando. Já não vou a terra desde o dia 18, fui hoje ao medico por causa de uns venenos que apanhei ainda em Lisbôa. O Comandante já não pareçe o mesmo de que quando estava taxado. Amanhã já comaçamos a mether, pinheiros, é provável que d’hoje a uns cinco dias a gente saia, para Leixões acabar de carregar o navio. Comrespeito ao que o pae me pergunta, se eu não tenho dinheiro para selo, acabo agora os últimos trinta reis para o selo d’esta carta. Vem também agora escrever ao Locena mandando-lhe uma descompostura pois que eu escrevilhe no dia 11 e só hoje e que recebi carta dele, com a data de 11 e com o carimbo de 23, quis-me entrujar, mas não pêga, e vou-lhe mandar a carta com um selo de 5 reis que me existe. Com que então lá por casa, a mamã e o papá e os manos sempre finos não e verdade, isso é que se quere sempre, que eu sempre fixe e garantido. Por hoje fico-me por aqui; porque já estou com sonno. O meu pae e minha mãe, e meus manos recebam um apertado abraço d’este seu filho, que provável seja não os tornar a ver mais. Alberto d’Assumpção Dou um apertado abraço a Maria O meu pae não se esqueça de escrever»
Pessoas a que o objecto está associado
- Nome
- Alberto d´Assumpção
- Cargo
- Marinheiro
Mais informações
- Idioma
- Português
Direitos e Divulgação
- Entidade detentora de direitos
- Instituto de Historia Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova Lisboa – Portugal
- Tipo de direitos
- Todos os direitos reservados
Galeria de Imagens
{gallery}7280{/gallery}História
Alberto d'Assumpção e o transporte dos soldados portugueses durante a Grande Guerra
Parte da tripulação que rumaria a Brest para transportar soldados do Corpo Expedicionário Português, Alberto d´Assumpção é aqui retratado pelo seu próprio bisneto, colega e colaborador do site Portugal 1914, que nos conta a história de como este e outros homens, pertencentes à Marinha Mercante portuguesa, tiveram a possibilidade de ver ainda mais de perto a Guerra, o grande conflito, que afectou a Europa, e para a qual Portugal contribuiu, enviando homens e participando nas acções ao lado dos Aliados. Por vezes trabalhamos memórias de quem não conhecemos. Outras, pertencem ao nosso próprio passado, à nossa memória... E estão assim, bem mais perto de nós.
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