Os caminhos-de-ferro desempenharam um papel muito importante durante a I Guerra Mundial, sobretudo na frente europeia, onde a afirmação de uma guerra de trincheiras os tornou essenciais no transporte de soldados e material bélico, assim como no abastecimento às populações. A administração e manutenção dum transporte desta natureza, bastante exigente e complexo, em territórios de guerra aberta, seriam atribuídas a batalhões técnicos especializados, com preparação militar, capazes de assegurar a construção, reparação e circulação de vias e de material circulante.
O Batalhão de Sapadores de Caminho-de-ferro português foi criado a partir das brigadas ferroviárias portuguesas, organizadas em Abril de 1912:
- Brigada n.º 1: Caminhos de Ferro do Estado – Direcção do Sul e Sueste
- Brigada n.º 2: Caminhos de Ferro do Estado – Direcção do Minho e Douro e Vale do Corgo
- Brigada n.º 3: Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses
- Brigada n.º 4: Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta
- Brigada n.º 5: Companhia Nacional de Caminhos de Ferro
- Brigada n.º 6: Companhia de Caminhos de Ferro do Vale do Vouga
- Brigada n.º 7:Companhia de Caminhos de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão
- Brigada n.º 8: Companhia de Caminhos de Ferro de Guimarães
Constituído com um contingente inicial de 1.248 praças e 40 oficiais, e entregue à direcção de Raúl Esteves, foi autonomizado do Corpo Expedicionário Português e colocado sob a dependência directa do Alto Comando Britânico. Inicialmente composto por quatro companhias, subdivididas em cinco secções, foi depois reestruturado, por forma a responder melhor às necessidades de guerra.
O Batalhão de Sapadores de Caminho-de-Ferro ficaria responsável pela exploração da estação-depósito de Rouxmesnil e pela administração das linhas de Yron a Conteville, de Abbeville a Conteville e Candas, de Proven a Bergues, de Conchil a Authie e Vrom e de Bethune a La Gorgue. Desempenhou ainda outras funções de carácter técnico, como a reparação de pontes, a construção de depósitos e docas e a reparação ou levantamento de linhas sujeitas a bombardeamentos frequentes.
Bibliografia:
ABRANCHES, Joaquim, Os Caminhos de Ferro na Grande Guerra, Figueira da Foz, Tipografia Peninsular, 1931; Esteves, Raúl, “Os caminhos de ferro e a actual guerra” in Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 701, 1de Março de 1917, pp. 87-88; Teixeira, Francisco Pinto, “A Cooperação dos Portuguezes no Serviço Militar dos Caminhos deFerro na Grande-Guerra (1917-1919)”, parte I e II, in Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.ºs 757 e758, de 1 e 16 de Julho de 1919, pp. 193-196 e 211-213.
Cite como: Ângela Salgueiro, "Batalhão de Sapadores de Caminho-de-Ferro", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org
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