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Impacto económico da Grande Guerra em Portugal

Os operários passando na rua do Ouro. [Greve dos operários do Tabaco] Os operários passando na rua do Ouro. [Greve dos operários do Tabaco] Ilustração Portugueza, série II, nº. 642, Lisboa, 10 de Junho de 1918, p. 459.

 

 

No final de 1919, estimava-se que as despesas da participação portuguesa na Guerra rondassem 1 400 000 contos. Se olharmos para além dos números, verificamos que as marcas deixadas pelo conflito mundial não se esgotaram no desequilíbrio orçamental e no aumento do endividamento externo.

A I Guerra Mundial teve um impacto globalmente negativo no percurso económico português. Agravou uma crise económica endémica, e interrompeu o equilíbrio orçamental conseguido por Afonso Costa e pelos Democráticos em 1913, inibindo quaisquer possibilidades de progresso económico, a médio e longo prazo.

A conjuntura de Guerra não permitiu à agricultura, com excepção do breve período do sidonismo, inverter a queda de grande parte das suas produções, acentuando uma tendência que há muito se vinha verificando. O sector foi globalmente afectado não só pelas dificuldades de acesso a determinados factores de produção (sementes, adubos), mas também pelo retraimento da exportação de alguns produtos base da economia agrícola, nomeadamente o vinho do Porto, e por uma conjuntura climatérica pouco favorável. Por outro lado, algumas medidas adoptadas, nomeadamente o tabelamento de preços e a obrigatoriedade do manifesto das produções, acabaram por ter também reflexos negativos, gerando o descontentamento nos meios agrários.

A indústria portuguesa acabou por tirar partido da conjuntura. Vale a pena ter presente que a impossibilidade de importar deu espaço e argumentos ao sector para desenvolver indústrias que noutras condições nunca teriam sido lucrativas.

Assinale-se por fim o impacto das perturbações trazidas pelo conflito mundial (carência aguda de géneros e produtos alimentares de primeira necessidade e dificuldades de abastecimento) no agravamento da situação social do operariado e das camadas mais baixas do funcionalismo público, nos pequenos agricultores e nos titulares de rendimentos fixos, destacando, desde logo, a desvalorização dos salários reais, a insuficiência das produções, problemas de distribuição e o açambarcamento. Condicionantes que, por si só, estiveram na origem, a partir de 1917, de momentos explosivos de agitação social - greves, motins e assaltos – protagonizados por um movimento operário cada vez mais descontente e contestatário.

No seu conjunto a participação de Portugal na I Guerra Mundial ditou o fim da I República. A Guerra pôs a nu, exacerbando-as, todas as clivagens que tinham caracterizado o regime desde a sua implantação, em Outubro de 1910: acentuou a impopularidade do Partido Democrático e de Afonso Costa e contribuiu para intensificar o conflito entre o movimento operário e a República.

Ana Paula Pires (IHC)

Cite como: Ana Paula Pires, "Impacto económico da Grande Guerra em Portugal", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org

 

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