Da zona de trincheiras fazia parte uma primeira linha de vigilância e combate, protegida por uma série de redes de fios de ferro e outros obstáculos. A frente era reforçada por grupos de atiradores, de granadeiros e metralhadoras ligeiras, dela, faziam parte, ainda, postos de aviso de gás e de maqueiros.
A B-Line, ou segunda linha, era ocupada pelas tropas de reforço. Era aqui que ficavam as metralhadoras e morteiros pesados, todos os abrigos de comando de companhia, as cozinhas e o telefone.
A 400 ou 600 metros de distância ficava a 3.ª linha, constituída por uma série de abrigos destinados ao comando e às reservas do batalhão. Em regra, cada batalhão tinha três companhias na frente e uma, efectuando quase sempre reparações, estacionada aqui.
As tropas de Infantaria, enterradas em lama, entretinham-se em trabalhos de vigilância e limpeza, progredindo, pouco, sob a protecção da Artilharia, durante os assaltos às trincheiras do inimigo. As armas eram apontadas ao vazio da noite.
Cavar. Drenar. Cavar novamente, garantir a manutenção das linhas de comunicação, era a rotina da “trincha”.
As sentinelas permaneciam de pé, observando o periscópio. De noite patrulhava-se, percorria-se a trincheira, tentando perceber os avanços do inimigo. Não havia qualquer apoio na rectaguarda.
Ataques de pequenos grupos, assaltos colectivos às trincheiras inimigas contrastavam com as lutas no céu, onde Artilharia e Aviação travavam um combate desigual.
À meia-noite distribuía-se rum.
Uma Companhia cumpria em média seis dias nas trincheiras, sendo depois rendida por uma Companhia do mesmo Batalhão.
Ana Paula Pires
Cite como: Ana Paula Pires, "A Rotina da Trincha", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org
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