Na Flandres, pouco tempo após a chegada, no final da Primavera de 1917, a instrução militar do exército português prosseguiu. Diariamente, durante seis horas os soldados eram submetidos a um treino intensivo de que fazia parte, o tiro em carreiras reduzidas, a ginástica, a esgrima, os exercícios com metralhadora e granadas, bem como as célebres manobras com máscaras anti-gás.
Respirava-se por um tubo, narinas comprimidas. Os óculos embaciavam-se. Os homens deixavam de o ser, eram apenas figuras mergulhadas num abrigo fechado por uma cortina preta.
O sector português localizava-se no vale do rio Lys, de Armentiéres a La Bassée, de Merville a Béthune.
As tropas foram distribuídas por três espaços diferentes: zona de defesa à retaguarda, zona de batalha e zona avançada.
As visitas de instrução à frente de batalha começaram também a fazer parte da rotina.
O principal responsável pela disciplina e pelo cumprimento integral de todas as ordens era o capitão. De noite ou de dia, era ele quem visitava as trincheiras, telegrafando as perdas e enviando relatórios sobre o andamento dos trabalhos.
Faltavam praças nas unidades.
O medo aumentava. Pedras, confundiam-se com vultos, a sombra de uma árvore com o movimento de um homem. Minuto a minuto as trevas da noite dissipavam-se por entre o disparo de foguetes de cor branca, iluminando a “terra de ninguém”.
O capitão vai gritando: “Haja silêncio, haja serenidade”. Os soldados erguem-se empunham pistolas e correm para a linha da frente.
Ana Paula Pires (IHC)
Cite como: Ana Paula Pires, "O Treino", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org
Comentários