A impopularidade do arquiduque Francisco Fernando (1863-1914) tornava a visita arriscada, mas o herdeiro do império austro-húngaro fez questão de assistir à inauguração das novas instalações de um museu público em Sarajevo, nesse domingo, na companhia da mulher, a duquesa Sofia de Hohenberg (1868-1914).
O atentado estava a ser planeado desde março pela organização terrorista Mão Negra, que defendia a independência das províncias eslavas do sul em relação ao império austro-húngaro e a criação da Grande Sérvia. Nessa manhã de 28 de Junho de 1914, seis assassinos foram colocados ao longo do trajecto que iria ser percorrido pelo arquiduque e a sua comitiva. Os dois primeiros – Mehmed Mehmedbasic e Vaso Cubrilovic – não conseguiram levar a cabo a sua missão. O terceiro, Nedeljko Cabrinovic, lançou uma granada de mão contra o veículo onde seguia Francisco Fernando, mas o engenho bateu na capota e acabou por explodir debaixo do automóvel seguinte, provocando 20 feridos.
Os restantes veículos que faziam parte da comitiva partiram a toda a velocidade para o edifício da câmara municipal, onde Francisco Fernando mostrou publicamente a sua irritação em relação à tentativa de assassínio. O arquiduque e a mulher cancelaram o programa oficial e deslocaram-se ao hospital para se inteirarem pessoalmente do estado em que se encontravam as vítimas do atentado. Durante o percurso, acabariam por ser mortalmente baleados pelo quarto assassino.
O autor dos dois tiros fatais, disparados de uma distância de cinco metros, foi Gavrilo Princip, um jovem estudante sérvio da Bósnia, de 19 anos, que foi detido no local. A primeira bala atingiu o arquiduque na veia jugular; a segunda, a duquesa do abdómen. O casal ainda foi transportado com vida a casa do governador da cidade para receber assistência médica, mas acabou por não resistir aos ferimentos.
Os conspiradores que sobreviveram ao atentado foram detidos, julgados e, a maioria, condenados. Em tribunal, Gavrilo Princip lamentou que a duquesa Sofia de Hohenberg tenha sido mortalmente atingida, uma vez que o objectivo era matar o arquiduque Francisco Fernando e o governador da cidade de Sarajevo, Oskar Potiorek. Por ser apenas 19 anos, escapou à pena de morte, mas foi condenado a 20 anos de cadeia. Foi enviado para a prisão de Theresienstadt, na actual República checa, onde morreu a 28 de Abril de 1918, vítima de tuberculose.
O crime gerou uma onda de protestos em Sarajevo e em várias cidades da Áustria-Hungria, obrigando o Exército a sair às ruas para repor a ordem pública. Nesse mesmo dia, as grandes potenciais mundiais começaram a mobilizar-se, em nome de velhas alianças. A 28 de Julho, a Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia, desencadeando um conjunto de movimentações militares que conduziram à Primeira Guerra Mundial.
Fátima Mariano (IHC)
Cite como: Fátima Mariano, "O assassínio do arquiduque Francisco Fernando", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org
(Todas as fotografias utilizadas encontravam-se em Open Source)
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