A Escola Profissional Agrícola D. Dinis na Paiã. A protecção aos filhos e órfãos dos combatentes na Primeira Guerra Mundial

 
Os males da Grande Guerra de 1914/1918 deram origem à fundação de uma Escola Profissional no Distrito de Lisboa.
 
 “Na sua sessão de 22 de Março de 1917 a Junta Geral do Distrito de Lisboa aprovou as bases gerais para a criação de uma escola de agricultura, que se denominaria Escola Profissional de Agricultura do Distrito de Lisboa, a qual era especialmente destinada a receber alunos de ambos os sexos, filhos de cidadãos pobres, mortos ou inutilizados nos campos de batalha. 
 
Seriam preferidos os órfãos de cidadãos pobres do Distrito, mortos combatendo o inimigo, e, dentre eles, em primeiro lugar, os de descendência imediata de operários rurais. Seriam também admitidos, se os recursos da Junta Distrital assim permitissem, os filhos de cidadãos mutilados na guerra e em último lugar de outros distritos, dando-se preferência aos daqueles que tivessem contribuído para a guerra com maior contingente militar. Na falta de educandos nestas condições, seriam admitidos órfãos de operários rurais ou indivíduos invalidados por desastre em trabalhos agrícolas.
 
Mais tarde seriam também admitidos os expostos, abandonados ou desvalidados, nascidos no Distrito de Lisboa. 
 
Em 1919 foram publicadas as bases regulamentares da Escola, aprovadas pela comissão administrativa da Junta Geral do Distrito de Lisboa, bases essas que serviram de regulamento provisório, até que fosse publicado o regulamento geral. 
 
O primeiro regulamento só foi publicado em 1926, seguindo-se outro publicado em 1928. 
 
Em Agosto de 1917, iniciaram-se os trabalhos de instalação da Escola começando por serem arrecadadas as propriedades onde ficaria instalada, mais tarde adquirias pela Junta. 
 
A Escola ocupou assim, nos sítios da Paiã uma área aproximada de 220 hectares, mais tarde reduzidos a 180. 
 
Realizaram-se as obras necessárias nos edifícios, a fim de se adaptarem às condições mínimas exigidas para um novo fim, pois tratava-se de velhas casas apalaçadas e suas dependências agrícolas. 
 
As demoras consequentes permitiram que a Escola apenas se inaugurasse oficialmente em Outubro de 1919, tendo os primeiros alunos dado entrada a 20 de Maio desse ano.
 
O ensino ministrado era essencialmente prático, baseado na exploração agrícola regional. Também era ministrado aos alunos o ensino da música, constituindo-se uma banda que se notabilizou e muito contribuiu para que a Escola se tornasse conhecida. 
 
Embora a Escola desempenhasse um papel de grande utilidade na vida nacional tornou-se contudo um pesado encargo para a Junta Geral o Distrito de Lisboa, o que a par de outras dificuldades, contribuiu bastante para a extinção da Escola na sua primeira base, o que se verificou em 1929. 
 
Reformada, foi reaberta em 1930, passando a designar-se Escola Profissional da Paiã, correspondendo esta nova designação a modificações introduzidas na sua organização.
Nesta segunda fase, conservou a Escola a sua índole fundamental, alargando-se as suas funções de assistência, criando-se para isso duas secções, uma infantil outra profissional.
 
O ensino agrícola continuou, mais ou menos nos moldes anteriores, adaptando-se o ensino profissional a diversas artes e ofícios aos quais se dedicariam os alunos conforme as naturais aptidões, continuando-se a ministrar o ensino da música.
Esta Escola funcionou até 1939, ano em que foi criada a Escola Prática de Agricultura D. Dinis.” (1)
 
Esta Escola veio a sofrer mais algumas reorganizações ainda, do que resultou a designação que tem hoje: Escola Profissional Agrícola D. Dinis. 

(1) Sumário Histórico, s/d, autor desconhecido
Texto dactilografado, Biblioteca da Escola Profissional Agrícola da Paiã.
 
Recolha e enquadramento por Maria Máxima Vaz (IHC)
 
 
Cite como: Maria Máxima Vaz, "A Escola Profissional Agrícola D. Dinis na Paiã. A protecção aos filhos e órfãos dos combatentes na Primeira Guerra Mundial", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org

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