Formação do Corpo Expedicionário Português (CEP)

Exercícios de Metralhadoras. Ilustração Portugueza, série II, nº. 603, Lisboa, 10 de Setembro de 1917, p. 206 Exercícios de Metralhadoras. Ilustração Portugueza, série II, nº. 603, Lisboa, 10 de Setembro de 1917, p. 206

 

 

O Corpo Expedicionário Português começou por adoptar a organização de uma divisão reforçada à semelhança do modelo organizativo português constituído por três brigadas, sendo cada uma delas composta por dois regimentos de infantaria a três batalhões. Contudo, como o CEP iria ser integrado no 1º Exército Britânico cujas divisões eram menores do que as portuguesas, determinou-se aumentar o escalão do CEP transformando-o em Corpo de Exército a duas divisões igual ao modelo inglês. Independentemente, outros pequenos acertos, foram aumentados seis novos batalhões de infantaria que se juntaram aos dezoito já existentes. Com os vinte e quatro Batalhões foram organizadas seis Brigadas (três em cada divisão), extinguindo-se o escalão intermédio de regimento.

Com essas alterações o Corpo Expedicionário Português ficaria organizado da seguinte maneira:

            Quartel-General do Corpo;

            Quartel-General da 1ª Divisão;

            Quartel-General da 2ª Divisão.
 

a) Infantaria:

A Infantaria era formada por seis brigadas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª Brigadas, cada uma com um quartel-general, quatro batalhões de infantaria, uma bateria de metralhadoras pesadas e uma de morteiros ligeiros de trincheira de 75 mm (Stocks).
 
 
Corpo   Expedicionário Português

1ª Divisão

1ª Brigada

Batalhão Infantaria n.º 21

Covilhã

Batalhão   Infantaria n.º 22

Portalegre

Batalhão   Infantaria n.º 28

Figueira da   Foz

Batalhão   Infantaria n.º 34

Mangualde

2ª Brigada

Batalhão   Infantaria n.º 7

Leiria

Batalhão   Infantaria n.º 23

Coimbra

Batalhão   Infantaria n.º 24

Aveiro

Batalhão   Infantaria n.º 35

Coimbra

3ª Brigada

Batalhão   Infantaria n.º 9

Lamego

Batalhão   Infantaria n.º 12

Guarda

Batalhão   Infantaria n.º 14

Viseu

Batalhão   Infantaria n.º 15

Tomar

2ª Divisão

4ª Brigada

Batalhão   Infantaria n.º 3

Viana do   Castelo

Batalhão   Infantaria n.º 8

Braga

Batalhão   Infantaria n.º 20

Guimarães

Batalhão   Infantaria n.º 29

Braga

5ª Brigada

Batalhão   Infantaria n.º 4

Faro

Batalhão   Infantaria n.º 10

Bragança

Batalhão   Infantaria n.º 13

Vila Real

Batalhão   Infantaria n.º 17

Beja

6ª Brigada

Batalhão   Infantaria n.º 1

Lisboa

Batalhão   Infantaria n.º 2

Lisboa

Batalhão   Infantaria n.º 5

Lisboa

Batalhão   Infantaria n.º 11

Évora



b) Artilharia

A Artilharia era constituída por grupos e baterias e englobava as baterias dos morteiros de trincheira, morteiros médios e morteiros pesados:

- 1º, 2º, 3º, 4 º, 5º e 6º grupos de baterias de artilharia, cada um englobando três baterias de peças de 75 mm e uma de obuses de 114 mm;
- 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª baterias de morteiros médios de 152 mm;
-  1ª e 2ª baterias de morteiros pesados de 236 mm.

c) Engenharia

A Engenharia compreendia os telegrafistas de campanha e as companhias de pioneiros. Estas tinham sido formadas pelos pelotões de sapadores dos batalhões de infantaria a partir dos quais se formaram agrupamentos tecnicamente sob os comandos de engenharia das divisões:

- Companhia de telegrafistas de corpo;
- 1ª e 2ª Companhias Divisionárias de Telegrafistas;
- Secção de telegrafia sem fios com duas subsecções divisionárias;
- 1ª e 2ª Companhias de sapadores de corpo;
- 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª Companhias Divisionárias de Sapadores Mineiros;
- Secção de pombais militares;
- Batalhão de mineiros;
- 1º e 2º Grupos de Companhias de Pioneiros.
 
d) Metralhadoras

- 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º Grupos de Metralhadoras, cada um englobando duas baterias de metralhadoras pesadas de 7,7 mm.
 
e) Serviço e Saúde

- 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Ambulâncias;
- 1ª e 2ª colunas automóveis de transporte de feridos;
- 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª secções hipomóveis de transporte de feridos.
 
f) Outros Serviços

- Grupo de esquadrões de cavalaria transformado em grupo de companhias de ciclistas; - 1ª e 2ª secções divisionárias de observadores; - 1ª e 2ª secções móveis veterinárias; - 1º e 2º trens divisionários; - 1º e 2º grupos automóveis; - 1ª e 2ª companhias de serviços auxiliares.
 
Base de Retaguarda

Quartel-General da Base. No quartel-general de base encontravam-se os seguintes serviços:

a) Engenharia

- Depósito de material de engenharia;

b) Artilharia

- Depósito de material; - Oficinas de montagem de munições de 75 mm.

c) Cavalaria
 
- Depósito de cavalaria;
- Depósito de remonta.

d) Infantaria
 
- 1º, 2º e 3º Depósitos de infantaria.

e) Serviço de Saúde

- Hospital de sangue; - Hospitais da base; - Estação de evacuação; - Secção de higiene e bacteriologia; - Depósito de convalescentes; - Depósito de material sanitário; - Colunas automóveis de transporte de feridos.

 f) Serviços Administrativos

- Lavandarias; - Oficinas de beneficiação de fardamentos; - Deposito de fardamentos e aquartelamento; - Depósito de material de bagagens; - Cantina central.

g) Serviço de transportes automóveis

- Grupos de camiões kelly; - Oficina de reparações.

h) Escolas

- De gases, metralhadoras ligeiras, pesadas, morteiros de trincheiras, sinaleiros, tiro, observação e patrulhas e preparatórios de oficiais milicianos.

i) Diversos serviços

- De expedição de bagagens, registo de perdas, de salvados, oficinas de reparação de máscaras de aparelhos antigás.

Além destas forças incluía outras unidades colocadas sob o comando directo do 1º Exército Britânico:

- O Corpo de Artilharia Pesada, com dois grupos, cada um com uma bateria de obuses de 233 mm, uma bateria de obuses de 202 mm e uma bateria de obuses de 152 mm; - Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-ferro; - Companhia de projectores de campanha.
 
  
Bibliografia

Almeida, A. A. (1968). A Artilharia Portuguesa na grande Guerra (1914-1918). Lisboa: Direcção da Arma de Artilharia.
Carvalho, V. (1924). A Divisão Portuguesa na Batalha do Lys. Lisboa: Lusitania Editora.
Fraga, L. A. (1985). A Participação de Portugal na Grande Guerra. In História Contemporânea de Portugal (Dir. João Medina), Primeira República, (tomo II, pp. 34-53). Lisboa: Amigos do Livro, Editores.
Freiria, F. (1918). Os Portugueses na Flandres. Lisboa: Tipografia da Cooperativa Militar.
Marques, I. P. (2004). Memórias do General Fernando Tamagnini (1915-1919) Os Meus Três Comandos. Viseu: Fundação Mariana Seixas.
Martins, A. (1936). As tropas do 1º Grupo de Companhias de Saúde em França na Grande Guerra. Lisboa: Imprensa Beleza.
Trigo. M. D. (1936). A acção do 2º Grupo de Metralhadoras na grande Guerra, em França (1917-1918). Lisboa: Imprensa Beleza.
 
José Luís Assis (IHC - CEHFC)

Cite como: José Luís Assis, "Formação do Corpo Expedicionário Português (CEP)", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org

 

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