Às 11h do dia 18 de Novembro de 1918 a Europa celebrou o fim da Grande Guerra.
Quatro anos de conflito tinham deixado marcas profundas no continente europeu, transformando a ordem política internacional. Era uma Europa e um mundo diferentes aqueles que então se reerguiam dos escombros do conflito: por um lado, os principais impérios europeus, que tinham entrado na guerra - o russo, o alemão, o austro-húngaro e o turco-otomano - tinham desaparecido, dando origem ao nascimento de novos Estados independentes como a Áustria, a Hungria, a Finlândia, a Checoslováquia ou a Polónia; por outro, a paisagem europeia tinha ficado indelevelmente transformada com cidades destruídas, colheitas arruinadas, comunicações interrompidas e milhões de pessoas desalojadas.
Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos da América surgiam como credores de uma Europa ferida, assumindo-se como principal potência económica e financeira mundial e consolidando a certeza de que o “Velho Continente” já não era o centro do mundo.
O Tratado de Versalhes, assinado no ano seguinte, consagraria uma “paz artificial”, exemplo vivo de que unidade europeia e a celebração de acordos políticos nem sempre eram sinónimos e que a Europa da belle époque tinha desaparecido para sempre. O direito à soberania, por outro lado, presente nos 14 pontos apresentados pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson, em 1918, embora sem qualquer aplicação prática imediata, acabaria, por ser incorporado no discurso da III Internacional, que o encarou desde o início como um aliado na luta contra o sistema económico capitalista. Por esta altura o jamaicano Marcus Garvey iniciava a publicação no bairro de Harlem, em Nova Iorque, do semanário Negro World (1918-1933), exaltando o orgulho da raça negra e defendendo o regresso a África.
Entretanto, o crash nova-iorquino e a Grande Depressão envolviam o mundo capitalista na maior crise até então conhecida, compondo o território onde os múltiplos autoritarismos atirariam a Humanidade para uma nova conflagração à escala planetária.
O II Encontro A Europa no Mundo será dedicado ao estudo, análise, debate e interpretação das transformações políticas, económicas, sociais e culturais ocorridas na Europa durante o período entre guerras.