Ao descobrir uma fotografia do seu avô, bem como alguns poucos dados sobre o seu percurso como jovem militar, Ana Luísa Alves desde logo se questionou se o seu bisavô estivera na Grande Guerra. Tendo descoberto que não, pese embora Joaquim tenha serviço no Hospital Militar da Figueira da Foz durante a guerra, esta história demonstra a sua procura, o seu orgulho e a sua descoberta, recordando-nos a memória daqueles que por cá ficaram, cumprindo o seu dever para com o país que os mobilizara. 

Os Dias da Memória trouxeram até nós familiares que foram combatentes ou simples conhecidos de tantos portugueses. Mas trouxeram também provas de amizade, deixadas por outros soldados, aqueles que, não se sabendo hoje quem são, deixaram uma marca na vida dos seus camaradas, que com eles conviveram, com um souvenir, um postal, uma fotografia. Assim sucedeu com Armando Artur, que deixou uma fotografia dedicada ao seu camarada Barbeitos, cujo espólio fotográfico nos foi trazido por Victor Neto na sua visita à Assembleia da República. 

O jovem Augusto Pires partiu para a guerra em França em Novembro de 1917. Em Janeiro de 1918, era colocado no Regimento de Infantaria 17, duramente atacado na batalha de La Lys. Na fuga a um ataque de gás, retirou a máscara, gesto que se revelaria fatal.

José Sepúlveda fez chegar até nós a sua homenagem ao avô da esposa, Amy Dine. Com um claro gosto pela investigação histórica e genealógica da sua família, José Sepúlveda conta-nos agora a história do médico Carlos Cipriano Ghira Dine, que esteve na Frente Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial.

Seu avô contou-lhe muitas histórias. Enquanto descansava, Alfredo Francisco Pereira deixava a voz e a mente divagar pelas suas memórias de quando esteve a combater por Portugal, lá longe, em terras de França. Ali viveu e ali foi feito prisioneiro e levado para a Alemanha. Sua neta, Rosa Margarida, registou as memórias das memórias. Aqui deixamos o seu relato, que chegaram até nós, e que pensamos ser uma forma de arrancar ao esquecimento a vida e os perigos passados por mais um combatente português na Grande Guerra. 

Ana Paula Pereira sabia que o seu avô Manuel Francisco tinha combatido na Primeira Guerra Mundial. Contudo, desconhecia o seu percurso naquele conflito mundial. Aos poucos descobriu a passagem dele por África e por França, continuando a angariar informação sobre a presença de Manuel nesta grande conflagração, a qual agora evocamos no seu centenário. 

Helena Cordeiro veio até aos Dias da Memória colocar um rosto em mais um nome. Fortunato António Ferrinho, sargento beirão, escrevia postais de uma aparente normalidade, que os seus relatos posteriores viriam a desmentir. Em Janeiro de 1918, achava que estava prestes a vir visitar a mulher, quando ficou a saber da chegada de Sidónio Pais ao poder. Acabaria assim por participar em La Lys.

Victor Neto, coleccionador e familiar de dois combatentes da Grande Guerra, trouxe à Assembleia da República em Lisboa, nos Dias da Memória, um fenomenal espólio e, entre as diversas fotografias, uma, de grupo, que muito nos intrigou. O que se escondia por detrás do olhar daqueles militares? Descubramos agora mais uma história e memória de homens com diferentes passados unidos num mesmo lugar, tudo por causa da guerra. 

Victor Neto recorda-se bem de Joaquim Neto. Contudo, também sabe que o mesmo nunca falou nada sobre o seu percurso na Grande Guerra. Com uma fotografia de Joaquim nas mãos, entre outros objectos e fotografias que transportava, pertencentes a outros combatentes, Victor Neto dirigiu-se à Assembleia da República aos Dias da Memória. Gostaria de saber um pouco mais sobre a vida destes homens. E, em relação a Joaquim Neto o pedido era especial... Afinal e contas, Joaquim era o seu avô.

Nos Dias da Memória chegou até nós, através das visitas de muitos contribuintes e familiares à Assembleia da República, material do mais diverso, dos objectos aos documentos, dos livros aos documentos e impressões dos cenários de guerra. Entre os mais diversos contributos, Victor Neto trouxe-nos os desenhos do padrinho da sua esposa, Porfírio Hipólito Azevedo da Fonseca, o qual conheceu mas do qual pouco nos sabe contar. Esse é o próximo passo, descobrir quem foi este combatente, foco da memória que tentaremos resgatar. 

Diogo Ferreira trouxe aos Dias da Memória uma fotografia que lhe foi concedida, há muitos anos, pela familiar de João Francisco Pereira, o soldado retratado. Agora, chegou a hora de deixar a mesma sair da gaveta, recordando-nos de mais um rosto português na Primeira Guerra Mundial.

Rui Pedro de Almeida Soares visitou os Dias da Memória na Assembleia da República, e com ele trouxe objectos familiares e memórias de outros tempos. Resgatámos a figura de Luiz Marques Pinto, soldado do Corpo Expedicionário Português, da unidade denominada Corpo de Artilharia Pesada, conhecida igualmente como CAP. A sua viagem, ainda tão desconhecida, e as suas memórias, trazemo-las agora aqui. Para que assim nos possamos recordarmos de mais um ilustre desconhecido português.

José Teixeira Jacinto soube bem o que foi partir para África, conheceu-lhe os perigos, descobriu as suas incapacidades e o heroísmo que por vezes carregamos dentro. O seu neto, o coronel Armando Jacinto, partilha agora a sua história e a sua memória nos Dias da Memória. E a Câmara Municipal de Espinho, parceira do projecto Portugal 1914 – 1918, enviou-nos a sua fotografia. Para que a memória dos munícipes que foram à guerra não se perca em meio às evocações que agora se fazem mundialmente. 

Joaquim Diogo Correia nunca esqueceria a sua participação na Grande Guerra. Combatente português na Frente Ocidental, não seria apenas mais um soldado, a combater uma guerra incompreensivel. Joaquim passaria pelo cativeiro de guerra, sentiria a suprema incerteza e angústia, temeria pela sua integridade e duvidaria do seu regresso. Esta é a história de Joaquim Diogo Correia, trazida a nós pela sua neta, Ana Maria Paiva Morão, no contexto dos Dias da Memória. E que histórias mais teremos nós para contar, recordando combatentes e vidas como as do seu avô.

Nos Dias da Memória a Assembleia da República e o Instituto de História Contemporânea não receberam apenas contribuições particulares e familiares. Também as instituições quiseram marcar presença num evento inédito em Portugal. Assim sucedeu com a Liga dos Combatentes, que através do Dr. Ricardo Varandas, em representação do Sr. Presidente da Liga dos Combatentes, General Joaquim Chito Rodrigues, fez chegar até nós 34 cadernetas de combatentes portugueses da Grande Guerram, que estiveram presentes nos teatros de operações africano e francês. 

Tomás Wylie Fernandes foi um capitão de artilharia português que desempenhou importantes funções durante a primeira guerra e esteve presente em momentos chave do conflito. Foi um dos representantes portugueses nas negociações da entrada de Portugal na guerra e parte integrante da delegação portuguesa na Conferência de Versalhes. Para lá disso privou com figuras de destaque, como João Chagas, Norton de Matos e o general inglês Barnardiston. O contributo da sua história e memórias que nos foram trazidas pelo seu neto, o embaixador Manuel Tomás Fernandes Pereira, é precioso para a reconstituição de uma guerra que, também para Portugal, se passou em gabinetes e requereu muita diplomacia, ajudando-nos a reconstituir a guerra para lá das trincheiras.

Na Grande Guerra, entre os que a protagonizaram, viveram, experienciaram, como em qualquer guerra ou conflito, temos muitos anónimos e alguns sobrenomes mais sonantes ou conhecidos. Neste caso, a identificação é rigorosa e a identificação imediata. Bernardino Machado. Recordamo-nos logo de Bernardino Luís Machado Guimarães, sucessor de Teófilo de Braga na presidência da jovem república portuguesa. Mas não nos referimos aqui ao mesmo cidadão, ao republicano, professor universitário, político, pese embora se trate de alguém com um vínculo directo ao 3º Presidente da República Portuguesa. Esta é a história do seu filho, Bernardino Machado, contada por quem tão bem a conhece, seu sobrinho, Manuel Machado Sá Marques, que amavelmente partilha connosco um pouco da história da sua família. 

Carlos Ribeiro decidiu contar-nos a história do seu tio-avô, o «Tio Bispo», D. António Manuel Pereira Ribeiro, padrinho do seu pai, e que em 1956 se terá deslocado a Viana para casar o mesmo com sua mãe. Faleceria pouco tempo depois. D. António foi Bispo do Funchal e, para além de uma vida dedicada a Deus e aos seus fiéis, presidiu igualmente ao funeral de Carlos I da Áustria e IV da Hungría, último imperador da Áustria, Rei da Hungria e da Boêmia entre 1916 e 1918. Este viria a falecer em 1922 no Funchal, onde se encontrava exilado. Carlos Ribeiro recorda-nos assim a história de alguém que viveu de longe a Grande Guerra, mas não longe o suficiente para não sofrer com o destino do Homem, tendo perdido o seu irmão Luíz Gonzaga do Carmo Pereira Ribeiro a 9 de Abril, visto a sua amada Funchal bombardeada pelos alemães, e cumprido tão importante papel no rescaldo do conflito, alguns anos depois.

Manuel Mesquita já aqui recordou o seu avô, que é ainda pessoa amada e estimada na memória familiar... Mas de José Luís dos Santos, quase nada se sabia. José Luís dos Santos, familiar distante, não tem hoje mais ninguém que o conheça, que dele saiba, que dele se recorde... Ou assim parece. Razão pela qual Manuel resolveu recordá-lo também, contando-nos um pouco sobre a vida deste combatente que, como muitos, foi atirado para o anónimato e para o mais puro dos esquecimentos...

Maria Manuel de Paiva Fragoso e Almeida Perdigão trouxe até nós uma história magnífica de um corajoso médico militar, cuja responsabilidade foi além da simples guerra, tendo sido peça essencial da profilaxia de uma doença assustadora, a Doença do Sono, para a qual se procurou uma cura durante a grande conflagração. Siga-se agora esse caminho, que o levou a Angola, terra que se tornou tão sua e na qual viria a falecer em 1928. Escutemos os ecos da vida do Dr. Manuel Nascimento de Almeida, avô de Maria, e que agora recordamos com o pouco que se sabe de um importante médico, que desenvolveu o seu trabalho no contexto da Primeira Guerra Mundial. 

Faleceu com mais de 90 anos mas, embora tenha estado em França, nunca falou na guerra em que participou, e na qual se deixou fotografar com os seus camaradas. Hoje, Maria Teresa Pissarra trás-nos o pouco que sabemos deste combatente. Pouco pelo silêncio a que muitos se votaram depois de virem de uma guerra que os marcaria emocionalmente até ao fim dos seus dias.

Quando Paulo Rufino trouxe uma pequenina pulseira aos Dias da Memória, desconheciamos a história de José Maria, 2º Sargento na Grande Guerra, seu avô e padrinho, e um sargento valente, louvado por diversas vezes. Esta é a sua história e um pequeno pedaço da sua memória. 

Hermínia Falcão Valente sabia que o seu tio-avô tinha estado na Grande Guerra. Assim mesmo, os eventos de evocação do Centenário da Primeira Guerra Mundial em Portugal e os Dias da Memória deixaram-na mais alerta e mais curiosa sobre o que sucedeu com José Bernardino Falcão Ribeiro. Esta é a história deste combatente, uma história que passa por terras de França e nos recorda ainda uma bonita história de amor.

Jaime Cortesão mencionou-o nas suas memórias. António Joaquim Frausto seria fortemente gaseado durante a Grande Guerra. Como ele, muitos outros trouxeram do Front as mazelas dos gases. Sua neta, Ana Maria Paiva Morão, recorda agora o seu avô materno, um desses homens, que trariam consigo as marcas físicas e emocionais de um conflito que seria posteriormente conhecido como a Primeira Guerra Mundial.

Didier Borrego gostaria de encontrar uma fotografia que desse ao seu avô paterno o rosto de uma época. Contudo, de António Luís Borrego, nascido e criado em Santa Comba,  Vila Nova de Foz Côa, só existem fotografias já tardias. Um reflexo dos muitos anos que passaram desde o tempo em que acabaria por ir à guerra como soldado nº 374 do Regimento de Infantaria de Lamego. Esta é a história que seu neto tenta reconstruir. Um tributo ao avô, e ao caminho que o mesmo percorreu durante a sua ida a França, pelos idos anos da Grande Guerra.